Antes de me despedir da humilde família da Kanya, ainda me
levaram a ver os elefantes em estado selvagem. Dum ponto rodeado por uma vala
sem podermos fazer barulho, observámos cerca de 30 elefantes a passear por um
dos seus trilhos. Uma imagem poderosa. Quando um deles fez um som pouco
amigável na nossa direcção, senti que não lhes estamos em boa conta,
compreensivelmente. Tive vergonha de ser humano.
Finalmente cheguei a Chiang Mai. Um sítio no norte que me
parece mais ocidentalizado que o resto da Tailândia. Vejo mais ciclistas, menos
lixo na rua, muitos mais projectos e mercados orgânicos, restaurantes
vegetarianos e até sensibilidade estética nas casas e nos jardins.
Taew, uma rapariga que conheci em Março na convergência de
permacultura, recebeu-me para me dar a conhecer o seu projecto de educação/quinta
orgânica e um pouco da sua rede de colaboradores. Tendo a sua família algum
dinheiro, ela, que já foi colaboradora da Greenpeace, tenta fazer algo mais para
a sociedade que apenas ganhar dinheiro para si mesma.
Ontem estive a ajudar uma amiga dela, que tem muitos
produtos naturais, a fazer carvão, que também é utilizado como fertilizante.
Ela falou-me dos nove passos da auto-suficiência que o falecido rei ensinou ao
povo:
- Própria comida
- Própria habitação
- Próprios produtos
- Respeito por um ambiente limpo e saudável
- Gratidão e respeito pela comunidade
- Partilha com gente que necessite
- Preservação e armazenamento do que é produzido
- Troca ética dos produtos
- Desenvolvivento da rede de escoamento dos produtos
Não é ao acaso que o pai da Kanya disse que nunca mais a
Tailândia vai ter um rei como aquele.
Nestes dias tenho recuperado o amor pela Tailândia e por
fazer algo em que acredito.
Fazer carvão - Make charcoal |
Before I said goodbye to Kanya's humble family, they still took me to see the elephants in the wild. From a spot surrounded by a ditch without being able to make noise, we observed about 30 elephants walking along one of its trails. A powerful image. When one of them made an unfriendly sound in our direction, I felt that they're not happy with us, understandably. I felt ashamed of being human.
Finally I arrived in Chiang Mai. A place in the north that seems more Westernized than the rest of Thailand. I see more cyclists, less garbage on the street, many more organic projects and markets, vegetarian restaurants and even aesthetic sensitivity in homes and gardens.
Taew, a girl I met in March in the convergence of permaculture, welcomed me to let me know about her education project/organic farm and some of the collaborators of her network. Having her family some money, she, who was once a Greenpeace collaborator, tries to do something more for society than just make money for herself.
Yesterday I was helping a friend of hers, who has many natural products, making charcoal, which is also used as fertilizer. She told me of the nine steps of self-sufficiency that the late king taught the people:
- Own food
- Own housing
- Own products
- Respect for a clean and healthy environment
- Gratitude and respect for the community
- Share with people in need
- Preservation and storage of what is produced
- Ethical product exchange
- Development of the distribution product network
It's not by chance that Kanya's father said that Thailand will never have a king like that again.
In these days I've been recovering my love for Thailand and for doing something I believe in.
Sem comentários:
Enviar um comentário